segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Ebola: Desafios e um novo Momento na Missão da Igreja



Jornais, rádios e emissoras de televisão estão noticiando a maior epidemia do vírus ebola. O surto está nos países do oeste africano: Guiné, Congo, Libéria, Serra Leoa e Nigéria. As notícias e imagens apavoram, pois a doença é letal, de fácil contágio, e o isolamento dos pacientes na quarentena mostra a seriedade com o que vírus deve ser tratado. Além disso, o mais grave são as vidas que estão sendo ceifadas nas diversas faixas etárias.
O ebola nos coloca frente a frente com a forma perversa em que estruturamos nossa sociedade. O ebola não se espalhou para além da África. Porém talvez a epidemia desperte a atenção e o pavor da comunidade internacional por ter vitimado americanos e europeus. Deixou de ser meramente um vírus restrito ao continente africano. O ebola tornou-se branco!
Outro fato interessante é que essa epidemia já era esperada. O surto de ebola começou no sul da Guiné, em dezembro de 2013. No começo deste ano, a organização Médicos Sem Fronteiras alertou que o surto poderia virar uma epidemia sem controle. Naquela época, os números ainda eram baixos, mas nenhuma providência foi tomada.
Médicos Sem Fronteiras atuou como os profetas da Bíblia (Isaías, Jeremias, Ezequiel) alertando sobre a gravidade do surto ao mundo. Somente ao atingir o número de 800 mortes e vitimar europeus e americanos, a OMS, a ONU, os governantes e os meios de comunicação começaram a entrar na campanha contra o ebola. Infelizmente, entraram tarde!
Os números das vítimas e a expansão da epidemia irão mostrar o pecado social da omissão, da exclusão social, do lucro financeiro que considera mais importante investir em pequisas de doenças e fabricar remédios que dão retorno financeiro ao invés de salvar o ser humano criado à imagem e semelhança de Deus.

Como cristãos, o que podemos fazer diante dessa crise?

Ao olhar o texto bíblico da reconstrução dos muros de Jerusalém, comandada por Neemias, identificamos duas atitudes nesse líder que nos encorajam à ação nessa atual epidemia de ebola.
Quando Neemias recebeu seu irmão Hanani, ele relatou para Neemias a situação caótica em que se encontrava Jerusalém: “O muro de Jerusalém foi derrubado, e suas portas foram destruídas pelo fogo” (Ne 1.3). A cidade sem proteção deixava o povo “em grande sofrimento e humilhação” (Ne 1.3).
Diante dessa notícia, Neemias chorou intensamente, choro da alma! Como seres humanos, devemos chorar ao ver tamanho sofrimento como o ebola. O choro nos sensibiliza diante da situação, torna a nossa consciência aberta a ouvir a voz de Deus.
Depois do choro, a primeira atitude de Neemias foi interceder a Deus pela situação pela qual estava passando o povo judeu (Ne 1.5-11). Esse é o momento exato de o povo de Deus interceder na família, nas células, nos cultos, pelo oeste africano. Quando a igreja intercede, ela está agindo!

A epidemia do ebola nos coloca diante de novos desafios. Como cristãos, igrejas locais e instituições missionárias, temos que buscar constante capacitação. Essa epidemia nos sinaliza que, se quisermos ser relevantes no contexto dos países do continente africano onde o ebola pode aparecer, precisamos incluir a prevenção como parte essencial da missão da igreja, pois prevenir significa ser as mãos de Jesus que salvam vidas criadas à imagem e semelhança do Pai.
Dias atrás, tivemos uma aula com o estudante de medicina Mário. Esse guineense foi fruto do trabalho missionário do pastor e médico Joed Venturini. A partir dessa palestra, estamos voltando animados para o sul de Guiné-Bissau, onde pretendemos participar junto à comunidade da prevenção do ebola.
Também traduzimos com o mentor cultural Upa o cartaz do ebola para o crioulo, que é a língua de comunicação do país. De acordo com os médicos que têm atuado nas áreas de epidemia, uma das maiores barreiras é a linguística, pois os cartazes estão publicados em português, francês e inglês. Essas línguas distanciam o povo da prevenção. É preciso falar nas línguas de comunicação maternas do oeste africano.
Agradecemos a Deus pelo cuidado da Junta de Missões Mundiais, que está monitorando todos os missionários da instituição no oeste africano. Também pedimos oração pelos missionários, professores e crianças do PEPE (programa socioeducativo) de Serra Leoa, apoiado pela JMM.

Mário Alexandre Lopes

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